Cap. 27 "E a boca pede o gosto da noite passada.."

Longe um do outro o coração pede socorro
E a boca pede o gosto da noite passada
A gente não se assume, não

Mas também não se larga, não
Num dia dá pause, no outro dá play
E parece piada

-Henrique & Juliano - Parece Piada-

Minha cabeça estava a poucos segundos de explodir e eu pedia pra esse dia acabar logo, mas para minha surpresa estava longe de acabar.
Engoli em seco sentindo meus olhos queimarem, eu sabia.
Procurei.
Procurei.
Mas meu filho não estava lá.

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- Matheus -chamei indo em cada brinquedo, olhando pra todos os lados, pra cada pessoa que estava naquele lugar mais eu não o via-
- Moça, aconteceu alguma coisa? -uma mulher loira, poucos anos mais velha que eu, se aproximou de mim com uma menininha loirinha segurando sua mão-
- Meu filho, eu deixei ele aqui e ele sumiu -dizer essas palavras era como levar uma facada no peito, tentei respirar fundo mas tudo em mim doía-
- Calma, ele deve ter ido no banheiro ou beber água -ela tentava me acalmar mas não, ele não sairia dali sozinho- Como ele é?
- Ele tem cinco anos, dessa altura -disse pondo a mão uns centímetros abaixo da minha cintura, onde ele batia- cabelo castanho encaracolado, olhos verdes -eu sabia que estava atropelando todas as palavras, não conseguia me controlar- ele esta com uma camiseta azul e uma bermuda caqui...
- Espera querida.. -disse me interrompendo- A gente vai achar seu filho
- Eu vou chamar minha mãe -disse e ela assentiu-
- Meu nome é Alice -esticou a mão pra mim- e essa é minha filha Lara -olhou pra menina que sorriu tímida-
- Mel -apertei sua mão e ela assentiu sorrindo-
- Eu sei -ela sorriu e caminhou para perto de uma mulher morena sentada deixando a Lara com ela e me seguiu até a mesa que minha mãe estava sozinha-
- Que demora! -Iza disse rindo mas sua expressão desmanchou em segundos quando me analisou e procurou por alguém que não estava ali- Cadê ele?
- Eu não sei -dei de ombros engolindo em seco, minha mãe fechou os olhos jogando os braços sobre a mesa- Eu vou procurar -disse num fio de voz e ela levantou pegando a bolsa-
- Eu vou olhar nos banheiros -Alice disse com a mão no meu ombro tentando me passar tranquilidade, ela sorriu e saiu-
- Vamos! -minha mãe segurou minha mão e saímos da praça de alimentação-

Decidimos nos dividir pelos corredores, mas eu não precisei andar muito.
Na fila do McDonald's estava ele com um balão nas mãos e ao lado de uma mulher com cabelos longos castanhos e fios loiros, eu juro que queria estrangular ela, meu ódio era tanto que podia sentir a adrenalina correndo no meu sangue.
Fechei minhas mãos em punho tentando controlar minha respiração para não voar no pescoço dessa mulher, caminhei até eles, Matheus foi o primeiro a me ver, sorriu mas aos poucos foi se encolhendo e saiu de perto da tia vindo atrás de mim, assim que ele soltou a mão dela, Rafaella virou dando de frente pra mim e sorriu da forma mais arrogante que poderia existir, de perto eu pude ver a morena sem sal do seu lado.
Eu queria gritar, esmurrar a cara dela mas palavras me faltavam por tamanho ódio que eu estava.
- Você deveria cuidar mais do seu filho -Rafaella disse abrindo um sorriso irônico e jogando seus cabelos para trás-
- Você deveria cuidar mais da sua vida! -disse entre dentes puxando o Matheus pra trás de mim-
- Você quem deixou ele sozinho -Bruna acusou se aproximando-
- Cala a boca! -ralhei, a essa hora as pessoas já nos olhava curiosas, alguns paravam, outros andavam mais devagar e eu pouco me importava, mas longe de mim arranjar briga em um shopping-
- O Júnior vai ficar sabendo disso -Rafaella ameaçou-
- Com certeza ele vai! -dei as costas mas voltei apontando o dedo no seu rosto- Isso não vai ficar assim
- Tá me ameaçando favelada? -perguntou pondo a mão na cintura e dando um passo na minha direção, eu estava prestes a cuspir fogo-
- Vim do mesmo lugar que você Rafaella -também me aproximei olhando nos seus olhos-
- Acontece que eu tenho classe -piscou, eu juro que não queria briga mas porra eu não vou engolir sapo de uma menininha metida e arrogante igual ela- 
- Você não tem vergonha na sua cara, sua criança mimada, você passou dos limites! -gritei no meio do shopping empurrando ela que por sorte trombou na Bruna e se manteve em pé-
- Mãe!! -Matheus puxou minha mão desesperadamente, ele estava chorando e todos em volta me olhavam torto-
Droga de gente!
- Vai cuidar do seu filho! -Bruna gritou-
- Claro que vou, principalmente para biscates como vocês não roubarem de novo! -peguei o Matheus no colo e saí dali cega de ódio-

- Por que você gritou com a tia Rafa? -Matheus perguntou entre soluços enquanto eu caminhava com ele em meus braços-
- Por que você saiu com ela e não me avisou? -parei pondo ele no chão e abaixei para ficar do seu tamanho- Sabia que eu fiquei te procurando igual uma doida? -respirei fundo, é claro que ele não entende o que aconteceu, afinal, era tia dele-
- Mas ela me chamou pra tomar sorvete -disse batendo as mãos na perna como se fosse uma ótima justificativa-
- Matheus o que falei do sorvete? -perguntei, ele olhou pra mim com os olhos arregalados- 
- Só depois de almoçar -respondeu sem muita vontade-
- E o que eu falei sobre sair do parquinho?
- Só com você ou com a vovó
- E você fez isso?
- Não, mas era a Tia Rafa
- Era eu? -ele negou- Era sua vó? -ele negou de novo- Então estamos respondidos?
- Estamos -disse fazendo bico, levantei pegando sua mão e andando a procura da minha mãe ou da Alice-

- Aah graças a Deus! -Alice disse vindo em minha direção- Eu já ia chamar algum segurança!
- Está tudo bem, foi a maluca da Tia dele -ela me olhou confusa- é uma longa história, não nos damos muito bem -resumi-
- Ex cunhadas -Alice disse revirando os olhos e eu assenti- Pois é menino você nos deu um baita susto
- Mel! -Iza gritou chamando a atenção novamente, acho que não vou pisar nesse shopping por um longo tempo- Matheus! -abraçou ele segurando firme seus braços-
- Ta tudo bem mãe -confirmei- Obrigado Alice -disse e ela me abraçou-
- Foi um prazer conhecer você Melissa -eu concordo fazendo sim com a cabeça e ela pisca seus longos cílios antes de se despedir- Tchau Iza, foi um prazer
- Tchau, prazer é todo meu, obrigado -minha mãe responde com o Matheus em seu colo- Podemos comer agora?

Eu não tinha clima para mais nada, definitivamente só queria que esse dia acabasse logo para que eu pudesse tomar um remédio para dor de cabeça e dormir.

Fizemos novos pedidos, quando voltamos a praça de alimentação conseguimos encontrar as compras da minha mãe na mesma mesa que estávamos, por sorte. Dessa vez pedimos comida japonesa mas eu não consegui relar no prato, tomei um suco tentando acalmar meus nervos e desejei que Caio estivesse comigo, ele é um ótimo amigo e me entende como ninguém mas claro que está bravo comigo porque ultimamente eu só ando fazendo merda, prometi pra mim mesma que hoje irei ligar pra ele mas antes que eu pudesse concluir meus pensamentos, meu celular tocou.
Caio, pensei.
Mas não, era o Júnior. 
- Alô -atendi pondo a outra mão no ouvido para abafar o barulho-
- Onde você está? -perguntou autoritário, bufei antes de responder-
- No shopping
- Melissa saí daí agora! -ordenou gritando do outro lado-
- O que? -perguntei rindo, ele só podia ter ficado maluco-
- Saí dessa porra de .. -desliguei tentando não xingar, quem ele pensa que é pra ficar gritando? Respirei fundo mas antes que eu pudesse colocar meu celular na mesa, tocou novamente- Eu to falando sério! -gritou quando eu atendi-
- Então para de gritar!
- Tem fotógrafo nessa porra, saí daí agora! -rosnou tentando se conter-
- Merda! -desliguei levantando, porcaria, eu sempre esqueço dessa gente, por que eu não posso mais viver minha vida em paz?- Temos que ir embora
- Por que? -minha mãe perguntou terminando de comer- 
- O Neymar acabou de falar que tem fotógrafo aqui e é pra ir embora
- Meu pai vem me buscar hoje? -Matheus perguntou levantando e me olhando-
- Não, e você está de castigo por me desobedecer
- Tadinho Melissa! -Iza abraçou ele pegando-o no colo-
- Mãe para de mimar ele! Vamos embora! -peguei algumas sacolas saindo na frente e eles logo me acompanharam pelo estacionamento-

- Que dia duro hug!?-Iza reclamou pondo o Matheus no banco de trás e me ajudando a guardar as compras no porta malas-
- Mãe, me desculpa ter que passar por isso -pedi, eu me sentia culpada por ter arruinado nosso encontro, era pra ser um dia divertido com ela depois de muito tempo que quase não nos falamos-
- Tudo bem Mel, agora eu sei porque você tanto fugia -disse guardando a última sacola-
- Eu só queria uma vida normal
- Eu sei -minha mãe me abraçou firme. Nos seus braços eu voltava a ser a pequena Mel e apenas isso, eu me sentia segura e protegida e queria protege-la, estar perto dela- Promete que não vai ficar longe de mim -pediu-
- Prometo se você me prometer que vai se cuidar -olhei em seus olhos esperando que ela tenha entendido o recado por trás dessas palavras-
- Eu vou -ela sorriu- Você também, de você e do meu netinho
- Prometo

Seguimos pro carro, quando sentei no banco ao seu lado pude respirar aliviada, finalmente poderia ir embora.

~Neymar POV~

Havia começado a pré temporada, e mesmo com a decisão de ir pro Barcelona meu contrato com o Santos era até fevereiro, então me apresentei ao clube pela manhã e começamos os exames e os exercícios necessários.
Estava exausto.
Fui pro vestiário conversando com os parças e decidi pegar meu celular antes de ir tomar banho, tinha algumas mensagens, abri a conversa com o Gil.
Ele me mandou entrar no twitter que parece que a Melissa e a Bruna tinham se encrencado de novo, dessa vez no shopping e a Rafa estava junto, não entendi direito, mas então decidi entrar no twitter e tinha algumas fotos, fazia poucos minutos que tinham sido postadas. Meu celular começou a tocar e atendi de imediato, era a Rafa.

- Que porra é essa? -perguntei juntando minhas coisas no vestiário-

- Olha Junior a maluca da Mel.. -interrompi-

- Vai agora pra casa!

- Calma aí..

- Agora Rafaella! -desliguei já dicando o número da Melissa-
Elas realmente perderam o juízo!

- Já chegou amor? -Bruna perguntou quando eu abri a porta de casa, ela estava arrastando suas malas pra baixo com a ajuda da Rafaella- 

Tinha até me esquecido que ela iria embora hoje, tinha uma campanha pra fazer amanhã no Rio e algumas fotos mas depois ela voltaria. O bom é que vou ter alguns dias livre dela, a Bruna aqui me sufoca, é casamento, é mudança, é atenção, me deixa estressado.

- Ta mais calmo xuxu? -Rafa zombou se jogando no sofá-

- Hey, tudo bem? -Bruna grudou no meu pescoço me dando um selinho, me afastei desgrudando-a-

- Que merda vocês estavam fazendo? -perguntei cruzando meus braços na altura do peito e encarando-as-

- Compras? -Rafa deu de ombros e riu fazendo meu sangue ferver-

- Vai ficar de gracinha?

- Amor, calma, a gente tava no shopping andando quando vimos seu filho sozinho -Bruna começou a falar sentando no braço do sofá-

- É -Rafaella confirmou- Aí eu chamei o Matheus pra tomar sorvete e depois a Cardoso apareceu gritando

- Que? -não fazia sentido nenhum o que eles estavam falando-

- A Melissa deixou o filhinho sozinho, a Rafa chamou ele pra tomar sorvete e aí a maluca apareceu gritando com a gente, falando que a gente tinha roubado ele

- Vocês ao menos avisaram ela que estavam levando ele? -perguntei-

- Ele estava sozinho Junior! -Rafa gritou levantando- Ela deixou o menino sozinho se não fosse a gente poderia ser qualquer outra pessoa, acorda! -disse subindo as escadas me dando as costas-

- Mesmo assim, vocês não tinham direito de fazer isso! -gritei batendo na parede-

- Mor.. -Bruna se aproximou com as mãos nos meus ombros- Desculpa

- Ta, tudo bem -fui pra cozinha e peguei uma cerveja na geladeira-

- Vai me levar no aeroporto? -perguntou escorada na parede me olhando-

- Vou -escorei na bancada-

- Eu tenho exame amanhã -disse alisando a barriga e eu virei o resto do líquido que tinha na latinha esperando por algo mais forte- Queria que você fosse -assenti lançando a latinha no lixo- Bom.. e nosso casamento? -perguntou animada, se esse conversa continuar vou ter que arranjar wisky-

- Eu disse que não vou me meter em nada

- Eu queria que pelo menos me ajudasse na decoração

- O jeito que tu fizer ta bom -sorri deixando um beijo na sua testa e subi pro quarto pra finalmente tomar meu banho-

- Então, na sexta que vem eu trago os convides do nosso casamentos -Bruna disse quebrando o silêncio que estava no carro a caminho do aeroporto, graças a Deus não tinha trânsito, era por volta das onze da noite, e eu deixei de ir na boate pra ficar pagando de taxista da Bruna e escutando suas ladainhas sobre o maldito casamento- Essa semana eu termino a decoração, tem certeza que não quer opinar?

- Tenho, faça do seu jeito -respondi ligando o rádio, quanto menos eu pensasse nessa parada de casamento melhor-

- Júnior, falta três semanas e você não foi atrás nem do seu terno, das alianças -olhei pra ela e respirei fundo- Você não quer fazer isso não faça, mas depois não venha se arrepender! -Bruna gritou pondo as mãos na barriga, era assim que ela fazia, chantagem, eu estava fodido até o pescoço-

- Eu vou me casar ta?! Mas que fique claro que é pelo filho que você está esperando -estacionei o carro na frente da entrada e desci pra tirar sua mala-

- Desculpa -disse vindo atrás de mim- Eu amo você!

- Toma -deixei suas coisas no chão e bati o porta malas com uma força desnecessária-

- Me desculpa? -perguntou me abraçando com os olhos cheios de lágrimas, assenti- Tchau -sorriu me beijando- Até sexta 

Então ela entrou no aeroporto carregando suas malas e eu me permiti relaxar. 

Entrei no carro ascendendo meu cigarro e dando uma tragada deixando me libertar. Acelerei na rua vazia e saí sem rumo pela noite, afinal, ela não estava tão perdida assim...

~Mel POV~

Desliguei meu celular depois de ficar quase uma hora conversando com o Gil.

Ele quis saber o que tinha acontecido hoje no shopping e também ontem a noite, ele tinha bebido mas se lembrava de ter vindo aqui e bem... do que tinha visto. 
A gente conversou bastante tempo então eu desliguei porque estava morrendo de sono.

Deixei o celular na cômoda e desliguei a televisão que falava para as paredes, Matheus tinha dormido estirado na cama e eu estava prestes a fazer o mesmo quando bateram na porta.

Pensei ser a Taís

- Vai dormir Taí -disse rindo e abri a porta me deparando com a Tia Carla, sorri amarelo- Ahh, pensei que era a Taís

- Sorte sua que ela está dormindo senão ela estaria gritando -riu da minha careta, eu não estava entendendo nada- Tem visita pra você lá em baixo

- Essa hora? -perguntei e ela deu de ombros indo pro seu quarto, que vergonha, se eu fosse ficar aqui por mais tempo tenho que arranjar um hotel-

Estava tudo apagado, somente a luz da sala estava acesa o que não ajudava muito a iluminação do andar de cima, onde eu estava. Isso quer dizer que todos já estavam deitados, provavelmente dormindo e quem quer que seja essa visita, veio tarde demais, o que me deixou morrendo de vergonha e ao mesmo tempo furiosa, onde já se viu a essa hora vir na casa dos outros?

Parei no primeiro degrau quando o vi sentado no último com a mão esquerda mexendo no cabelo e a outra segurando um copo vazio, batendo na sua coxa repetidas vezes. Ele estava disperso e só reparou na minha presença quando sentei um degrau acima dele.

Junior cheirava a bebida e cigarro, era um cheiro forte que dava pra sentir de longe e chegava a me arrepiar, sua expressão era de cansaço e estava levemente embriagado.

- O que faz aqui? -sussurrei e ele deixou o copo no chão passando as mãos no rosto-
- Eu quero conversar com você -disse levantando e eu o acompanhei-

- Está tarde, você precisa ir pra casa

- Eu não posso, minha mãe vai me matar -disse num fio de voz- Eu bebi

- Você não pode ficar aqui Junior

- Eu quero conversar -ele tinha bebido mas não estava tão bêbado, ele falava com coerência e parecia ter absoluto domínio e certeza do que fazia-
- Volta amanhã -disse subindo os degraus mas senti suas mãos firmes no meu braço me contendo-
- Você deve ter perdido o juízo
- Do que você está falando? -puxei meu braço em vão pois não consegui me soltar, ele estava me dando medo-
- Disso -tirou o celular do bolso entregando-o para mim, estava aberto em um vídeo, dei play olhando para ele que me encarava. Eram 8 segundos, eu gritei e empurrei a Rafaella então acabou com o Matheus chorando e me puxando- Pode me explicar
- Se veio brigar comigo pode ir embora -avisei empurrando o celular no seu peito-
- Precisava fazer isso com a minha irmã?
- Eu não fiz nada -me alterei e me arrependi de ter gritado- Vai embora -sussurrei e ele pareceu nervoso, passou as mãos pelo rosto descendo alisando o cabelo e me olhou perdido- 
- Vem comigo -disse me puxando em direção a porta-
- Ei, ei, que isso? -me soltei espantada, o que estava acontecendo?-
- Ou vem por bem ou eu juro que te carrego -meu queixo deve ter ido no chão-
- Você está bêbado -revirei os olhos e ele continuou me encarando- Mas esta falando sério -ele assentiu- Merda! -murmurei mais para mim mesma do que para ele, eu vou me arrepender dessa porcaria em poucos minutos então devo agir rápido-

- Preciso de um favor urgente! -disse cutucando a Taís que dormia e acordou assustada- Cuida do Matheus até eu voltar
- O que? -levantou meio desnorteada- Que merda é essa?
- Sem perguntas, só olha ele -disse antes de fechar a porta-
O que eu estou fazendo?
- Vamos -chamei quando estava lá em baixo e ele se virou de frente pra mim assentindo e esticando sua mão, respirei fundo antes de pegar e ele me puxar pra fora, olhei pra trás e avistei a Taís no meio da escada, ela me olhava boquiaberta como se não acreditasse no que estava vendo e realmente nem eu estava acreditando no que estava fazendo, fechei a porta e fui-

Fomos até seu carro estacionado atrás do prédio, é claro que não tinha ninguém por perto pois já se passavam da uma da manhã. Era uma noite tranquila, uma brisa suave, um vento ameno mas que me causava poucos calafrios, era bem diferente da noite catalã com seu vento impetuoso e seus dias de sol rigoroso. Só então, pude perceber minha roupa inapropriada.
Que Merda, eu estava de pijama!
Rapidamente tentei me cobrir esticando minha blusa, em vão, Neymar olhou pra mim antes de entrar no carro e riu negando com a cabeça. 
Qual é idiota?!
Entrei no carro ainda me perguntando porque eu aceitei ir pra sei lá onde com esse garoto, eu realmente estava precisando rever minhas atitudes ou nunca irei parar de me meter em encrenca.
Junior deu partida no carro, estava um silêncio horrível, eu estava esperando ele gritar comigo por ter relado na preciosa irmã dele e ele.. bom, não sei o que estava esperando para começar a gritar comigo. Então, antes que eu saia por essa porta com o carro em movimento, decidi abrir minha boca e quebrar essa droga de silêncio.
- Vai gritar comigo por eu ter empurrado sua irmã? -perguntei olhando pela janela a fim de evitar seu olhar em mim-
- Você sabe que não devia..
- Escuta -interrompi- Eu sei que fiz errado mas olha o meu lado -pedi me virando um pouco para o seu lado e finalmente encarando-o- Ela tinha pegado meu filho, não me avisou, eu nem sabia que ela estava lá, pensei no pior quando não vi ele no playground então fiquei igual uma louca procurando ele aí ela vem e começa a debochar da minha cara! -disse quase gritando mas ele pareceu não se importar, nem se quer desviou sua atenção um segundo da porcaria da estrada para olhar nos meus olhos- Você está me ouvindo?
- Estou
- E? -perguntei cruzando meus braços-
- Você deixou ele sozinho
- Ah! -ergui minhas mãos- Foi um segundo!
- E se não fosse a Rafaella quem estivesse pegado ele? -queria que não fosse-
Não.. Deus me livre se alguma coisa acontecesse com meu filho.
- Melissa, não estou te culpando -revirei os olhos, imagina se não estivesse- se quer saber, também falei com a Rafaella
- Onde a gente está indo? -perguntei ao ver um placa, mas não consegui ler, afinal ele estava correndo, mas tudo indica que não estávamos mais em Santos-
- Escuta, não vou brigar com ninguém, ela estava errada em pegar o Matheus e não te avisar mas você também por deixa-lo sozinho
- Pra onde a gente está indo? -perguntei mais uma vez um pouco mais alto e ele me encarou-
- Minha casa no Guarujá 
- Você só pode estar brincando -eu ri porque juro que não acreditei nessa louca mas ele negou sério- Me leva pra casa agora
- Não
- Para a droga do carro
- Mel..
- Ou você para essa merda ou eu juro que abro a porta e saio -disse com as mãos na maçaneta do carro, Junior abriu a boca mas não disse nada, péssima hora para discordar, ameacei-
- Ta lega! -gritou encostando o carro, nós estávamos literalmente em lugar nenhum- Loca -murmurou parando e me olhando, ele parecia bravo-
- Agora me leva pra casa -Junior bufou e girou a chave mas o carro morreu em seguida, fechei meus olhos e me perguntei se alguém lá de cima me odeia porque isso aqui é castigo- Isso só pode ser pegadinha -ele tentou novamente e nada, me olhou e deu de ombros como se não tivesse culpa, foi minha vez de implorar aos céus e dizer que isso não estava acontecendo- Faz alguma coisa! -ele não respondeu, ao invés disso, abaixou o banco do carro e deitou de costas pra mim. Grunhi, eu estava ferrada e sem celular- Dá pra parar de agir como uma criança? -para variar ele não respondeu, irritada abri a porta daquela joça e saí do carro, vou achar um jeito de ir nem que for a pé-
- Onde você pensa que vai? -disse escorado na porta do carro, parei poucos metros do carro-
- Dar um jeito de ir pra casa -respondi sem olhar pra ele e continuei andando, no meio do grande nada, estava ventando mais forte o que me fazia encolher, eu juro que estava me segurando para não gritar e me jogar no chão a espera de um milagre-
- Boa sorte! -gritou e eu mostrei o dedo do meio pra ele-
Sério Melissa, onde estava sua cabeça quando decidiu acreditar em um cara bêbado que queria conversar?
Maravilha, espero não estar tão longe da cidade.
Fui caminhando e rezando para nada dar mais errado do que já deu.
- Hey maluca! -gritou e eu bufei virando pra trás e o vendo correr até mim-
- Que foi?
- Vai mesmo ir a pé? 
- E tem outra alternativa? -perguntei irritada-
- Você é mesmo louca, vai andar no meio da estrada pelada desse jeito até a cidade?
- Cala a boca! -me virei dando as costas pra aquele babaca bêbado mas pela segunda vez na noite ele agarrou meu braço e isso já estava me deixando irritada-
- Só estou dizendo que é perigoso -apertou suas mãos em volta do meu braço numa tentativa de me puxar-
- Vai cuidar da sua noivinha e me deixa! -me soltei com uma força desnecessária, ele finalmente conseguiu me irritar, mas antes que eu pudesse voltar a caminhar ele me puxou novamente, ergui minha mão preparada para acertar a sua cara e ele segurou prendendo minhas duas mãos para trás do meu corpo e segurando firme- Olha o que você fez! Está de madrugada e eu não sei onde eu estou, você é um grande.. -não pude terminar minha frase porque seus lábios estavam nos meus e droga, como isso era bom. Ele me segura com apenas uma mão e a outra livre se instalou na minha nuca puxando-o para ele, como se precisasse. Seus olhos estava fechados, cada um dos meus sentidos podiam captar os sons que Junior começou a fazer, eu sentia seu gosto e via que seu corpo vibrava como o meu, toda aquela tensão no carro pareceu se dissipar naquele momento, ele passou a língua pelos meus lábios o sugando levemente antes de se afastar fazendo meu corpo clamar pelo seu toque-
Onde estava minhas forças?
- Era o único jeito de você calar a boca -disse sem fôlego e eu o empurrei- Será que você pode voltar pro carro, vai ficar doente aqui fora -dei meia volta e retornei para o carro batendo o pé, sim eu estava parecendo o Matheus fazendo birra-
- Vai ficar aí sem fazer nada?
- Eu estou morrendo de sono -disse entrando no carro e deitando novamente, decidi fazer o mesmo já que a melhor opção não era sair andando sem rumo-
Como ele conseguia ser tão babaca?
Num impulso resolvi girar a chave pra ver se pegava, mas não deu certo, ele riu e murmurou 'Desiste', quase chutei seu banco.
Pelo jeito minha noite estava resumida em ficar trancada em um carro com um cara que quando fica bêbado fica babaca e eu queria chorar.
Deitei de costas para ele encolhida no banco me segurando para não surtar, não tinha mais plano, não tinha alternativa, era ficar ali e dormir e foi o que eu tentei fazer mas escutar o ronco do bêbado ao meu lado não estava ajudando em nada.
Só algumas horas..
Só algumas horas..
Só algumas horas..
E repetindo esse mantra eu me permiti pegar no sono e esperar até amanhecer para ver no que dava..
- Eu queria poder largar tudo e fugir com você -um sussurro ao fundo me chamou atenção, estava escuro e meu corpo doía, quem estava falando?- Mas eu juro que a cada dia que passa eu não sei o que fazer..

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Hello my girls <3

Sem tanta demora dessa vez hug?! kkk

Era pra eu ter postado ontem mas eu tive que sair, foi niver da minha mãe

Enfim.. Eu juro que estou morrendo de vontade de dar spoiler do próximo capítulo mas vou me segurar.. Aí Jesus.. scr kkkk'

Espero que tenham gostado, fiz esse final MelMar bem doido, com umas coisas no ar mas no próximo já vai se encaixar.. Tem uma pegadinha nesse, vamos ver quem descobre kkk'

Beijos gatas até o próximo :*

Carol: Não sou má não kkk' eu sou boazinha, deixei até eles se pegarem um pouco nesse kkk' beijos meu amor 

Jaque: Mas dessa vez eu não demorei dois anos pra postar kkk' beijos lindaa

Lidi: Por essa ninguém esperava kkk' beijos

Lavínia A: Waan obrigado amor bjoos

Samylla: Calma que ele está bem kkk' bjokas

Moreco: Segura esse coração queri, se acalma porque não quero perder leitoras kkk' Bora matar aquele veio kkk' beijoos minha linda

Lavínia: Não me mata não kkk' beijoos amor

Sara: Adoro parar na melhor parte, eu sei que vocês querem me matar mas é um vício kkk' Beijos gata, obrigadoo

Luíza: Boa pergunta kkk' Calma que ela vai ser, prometo kkk' bjooos

Tuga: Queremos kk' beijoos amore

Te amo agora e para sempre te amarei

When you love someone